quarta-feira, 3 de março de 2010

Fonte: www.psiqweb.med.br

Detectando Problemas Emocionais na Idade Escolar
Os pais podem não perceber, não reconhecer ou não aceitar problemas emocionais em seus filhos, o que retardaria a atenção ao problema. Quanto aos educadores, muitas vezes são eles os primeiros a observar os sintomas iniciais de um problema psiquiátrico na infância e adolescência. 

Essa facilidade deve-se, entre outras razões, ao fato de poderem ter uma crítica mais desapaixonada do problema, sem o envolvimento afetivo que os pais têm para com seus filhos. Além disso, estando preparados, os educadores são as pessoas mais adeqüadas para orientar os pais sobre um possível transtorno dessa natureza.

Sinais e Sintomas.
Entre os sinais que a criança pode manifestar em eventual transtorno psíquico, figuram o isolamento ou o prejuízo no relacionamento com outras crianças de sua idade, tanto no âmbito escolar como social, tal como o retraimento e a falta de comunicação. Outro sintoma a ser levado em conta seria uma ruptura brusca na evolução e desenvolvimento normais da criança ou adolescente. 

Se a criança ou adolescente que até há pouco tempo vinha mantendo um comportamento melhor ajustado, com rendimento escolar aceitável e que, de repente, modifica seu comportamento e rendimento escolar, algo pode estar acontecendo na esfera psíquica.

Em crianças e adolescentes os transtornos mais comuns são aqueles relativos a depressão, transtornos de aprendizagem, déficit de atenção e hiperatividade, transtornos de comportamento, de ansiedade, doenças psicossomáticas, problemas de personalidade e, menos freqüentemente, o autismo e a esquizofrenia.

A incidência desses transtornos psiquiátricos nas crianças e adolescentes varia com a idade, com o sexo e o nivel socio-econômico. A depressão, por exemplo, embora seja comum em qualquer didade e nos dois sexos, tem sintomas diferentes; nos meninos pode manifestar-se como rebeldia, agressividade e irritabilidade, nas meninas com isolamento, fobias e ansiedade.

Limites da Escola dos Pais e dos Professores
No Brasil, aparentemente a política do ensino público ensinar parece estar sendo menos importante que manter a criança na escola. A tática de obter resultados da aprovação quase automática ano-a-ano, faz com que os transtornos emocionais dos alunos, externados através de condutas desviantes, anômalas, rebeldes, indisciplinadas, inconseqüentes e toda sorte de atitudes jamais imaginadas há poucas décadas, constituam uma excelente oportunidade para reflexões honestas sobre os limites e as possibilidades do professor e da estrutura escolar.

Se, infelizmente, as crianças carreiam suas mazelas emocionais para dentro da escola, e se essas mazelas estão sendo lidadas adequadamente ou não, posso dizer por experiência da clínica, que também os professores carreiam suas frustrações, depressões e ansiedades geradas na escola para dentro dos consultórios psiquiátricos, com a desvantagem de não se dispor de tanta literatura especializada a respeito quanto existem sobre a problemática infanto-juvenil.

A noção cultural em torno da infância e da adolescência varia de acordo com a época. Na Idade Média, por exemplo, a duração da infância era reduzida ao mínimo possível, provavelmente devido à necessidade da mão de obra dos infantes. Logo que a criança manifestasse uma certa autonomia de movimentos, era automaticamente incluída no mundo dos adultos, na condição de um pequeno adulto, apto, portanto, à produção.

Antes de meados da década de 60 as regras comportamentais dentro de casa eram algo mais rígidas. Quando as coisas não saiam de acordo com a orientação paterna, haviam os castigos, o corte das regalias e ponto final. Depois dessa fase, veio a época dos acordos entre pais e filhos, a recomendação politicamente correta dos diálogos, discussões e decisões conjuntas.

Com o psicologismo vigente da década de 70, quando cada autor queria se sobressair mais que o outro, através de tendências e teorias esdrúxulas e inusitadas, a infância e adolescência passaram a ter uma autonomia desmedida, algo imerecida e muitas vezes irresponsável. Liberdade era a palavra chave, muitas vezes confundida com irrsponsabilidade e inconseqüência, e não apenas das próprias crianças e adolescentes mas, inclusive, dos próprios pais.

Um bom exemplo da propalada individualidade da criança e/ou adolescentes era a inviolabilidade de seu quarto, transformado em fortim e território inexpugnável, onde eles reinavam e se autodeterminavam. Os pais que não se adequassem à nova moda eram retrógrados e "caretas", quase candidatos a tratamentos psiquiátricos e orientações psicológicas.

Hoje, a atual conjuntura psicológica questiona seriamente a liberdade total das crianças e adolescentes e, reconhece-se com tristeza, que a tática das "rédeas soltas" desembestou por caminhos de retorno muito problemático. 

Embora não se pretenda um retrocesso à tirania que se submetiam os jovens no início do século XX, também não tem mostrado sucesso o excesso de liberdade, pois os extremos são perigosos, tanto por falta quanto por excesso.

O problema é que os jovens de hoje em dia já nasceram em uma cultura bastante marcada pela educação liberal e a delimitação dos limites de conduta se transformou em tarefa difícil, quase impossível, tamanha oposição que sofrem pais e educadores pela conjuntura social moderna. As limitações, proibições ou cerceamentos das atitudes dos adolescentes precisam ser acompanhadas de boas justificativas e explicações. Notadamente quando se deparam com a afirmativa de que "todos" fazem assim.

A escola, tanto quanto o lar, teve que se adequar a essa tendência "libertadora", e eram mais "legais" quanto mais permissivos fossem os professores, as escolas ou os pais. Surgiram assim as mães e pais tão amigos dos filhos a ponto de comprometerem o próprio papel materno e paterno, apareceram as professoras "mãezonas", que temendo um rótulo de conservadoras, assumem uma postura excessivamente permissiva e uma atitude ridiculamente jovial. Esses tipos de professores invertem os papeis e, ao invés de estimularem seus alunos para que eles tenham uma postura mais adulta e responsável, submetem-se à posição limítrofe entre o modernismo e a omissão. Decididamente, poucas dessas "mãezonas" servirão de exemplo vívido nas memórias de seus alunos como alguém a ser seguido e cultuado.

Transtornos Emocionais da Infância
Em janeiro de 2003 foi lançado em Madri um manual para pais e educadores sobre os transtornos siquiátricos que acometem crianças e adolescentes. 

Calcula-se que 22% das crianças e adolescentes (espanholas, no caso desse artigo) apresenta alguma doença psiquiátrica nessa etapa da vida, uma porcentagem que tem aumentado e detectado cada vez em idades mais precoces.

Manual de Psiquiatria para Pais e Educadores é de autoria da psiquiatraMaria Jesus Mardomingo. Segundo ela, “existe um grande desconhecimento sobre psiquiatria infantil por parte dos pais e educadores. 

Isso, de certa forma, se deve a não aceitação cultural de que a psiquiatria infantil seja parte efetiva da medicina e que os problemas psiquiátricos são semelhantes às demais doenças”. Por isso torna-se importante conhecer os transtornos psiquiátricos infanto-juvenis mais freqüentes, seus sintomas e sinais de alerta, suas possíveis soluções e tratamentos, etc. 

Uma doença psiquiátrica infantil diagnosticada e bem tratada a tempo pode evitar importantes seqüelas quando a criança for adulta. É fundamental detectar o problema e consultar com um especialista. O manual espenhol se dirige específicamente a pais e professores, é suficiente para que os pais e professores detectem problemas suficientes para recomendar um atendimento especializado. Essa iniciativa seria muito bem vinda em nosso meio." 

Maratona de Estudos em Tenra Idade
Ana Rosa de Oliveira, na época bolsista do CNPq publicou artigo na internet sobre o Adventure Playground. A idéia surgiu em 1983 quando ela vivia no Japão. Veja um trechinho que fala de suicídio infantil:

"Assim, desde cedo as crianças são lançadas numa maratona de estudos que começa aos 6 anos e vai até à Universidade, quando ganham plena liberdade para, inclusive, se quiserem, não estudar nada.

Estudos comprovam que o tempo livre das crianças diminuiu, enquanto o dos adultos aumentou. Isso pode ser explicado pelo número de crianças que tomam aulas particulares após as aulas normais. Essas aulas, mais as de piano, violino, balé e baseball, entre outras, acabam privando as crianças do seu tempo livre para brincar. Basta dizer que para muitas delas a preparação para o vestibular já inicia aos 6 anos de idade, na escolha de uma boa escola e através de aulas particulares (as escolas Juku), que freqüentam após as aulas normais. 

Numa entrevista feita com crianças que freqüentavam o parque, 30% delas responderam que iam menos de um dia por semana ao parque. Diante deste quadro, não é de estranhar a alarmante taxa de suicídio infantil no Japão."

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